PÃES

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Tenho amigos que, por um ou outro motivo, criaram sozinhos seus filhos e filhas, sendo obrigados pelas circunstâncias a se transformarem num híbrido de pais e mães. Costumo chamá-los de pães.

Os homens não vem com aquele carinho materno e precisam aprender a fazer tope no cabelo da menina e pentear direitinho o cabelo do filhote antes de saírem pro aniversário do coleguinha, no domingo.

É um duro e maravilhoso aprendizado. E eles voam ao teu encontro na saída da escola, com pesadas mochilas, como se fossem tartarugas ninjas sorridentes. Um olho neles e outro no relógio pra voltar correndo pro trabalho senão o chefe dá bronca, sabe como é, né?

Se aparecer alguma namorada podem ficar emburrados ou não, se ela cozinhar melhor que o papai, o que não é muito difícil, cá entre nós.

Daqui a pouco estarão na universidade, em seguida virão os netos e aí dá pra sentar na frente da tevê pra assistir aquele filme antigo que nunca dava tempo. E uma saudade imensa mesclada com paz de espírito te farão adormecer tranquilo.