DONA NORMA

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Sempre imagino as mães como diretoras e produtoras dos filmes das nossas vidas. Trabalham sempre num quase anonimato, nos fazendo seguir o roteiro e exigindo mais envolvimento na trama, seja ela boa ou ruim. Se o resultado é bom, os méritos ficam com os atores e a diretora sorri, tímida, observando de longe os aplausos. Se for ruim, a responsabilidade será dela.
Podem ser, também, dedicadas operárias que dobram nossos paraquedas emocionais e comportamentais, que usaremos ao saltar das asas protetoras de nossas casas para o azul infinito da vida.
Só saberemos se foram bem dobrados e envelopados quando puxarmos a cordinha na hora certa. Geralmente o são.
Elas trabalham sem espalhafatos nem pirotecnias; trabalham por amor, para que sejamos melhores e repetirão, sempre, as mesmas coisas.
Quem nunca ouviu a célebre frase: “Leva um casaquinho que vai esfriar!” ou “Não corre, meu filho!”, quem nunca?
Mães, avós, tias são nossa equipe de retaguarda, muitas vezes de resgate que raramente valorizamos por nos acharmos os donos do mundo.
Por ser filho da Dona Norma Motta, sou um filho normal e lembro dos aniversários com bolos decorados pela doceira mais querida de São Borja: Dona Glaci Sarmanho e o nome dela já lembrava glacê e seus derivados inigualáveis.
Quando fiz sete anos o bolo era um navio com marinheiros de cera e bandeirinhas coloridas, estendidas no convés, uma obra prima e eu incendiei as bandeirinhas ao brincar de bombardeio com o barco de merengue.
Adivinhem quem salvou o belo bolo do pequeno incendiário? Dona Norma, claro. Se perguntassem a ela por que estava com os dedos chamuscados, responderia: “Nada, apenas apagando um incêndio num navio”.
Quando ela descobriu que eu tinha comido os marinheiros de cera teve outro incêndio na minha casa!
Beijão a todas vocês, minhas queridas mães, vocês são tudo nesse mundo.